A queda do discurso

Na geração atual, um adolescente já recebeu muito mais informações que o seu avô em toda a sua vida. Não sei os números corretos, mas é por aí. O problema é que com a mesma velocidade que adquirimos as informações, elas se tornam obsoletas. Além disso, esse bombardeamento de informações causa dois fenômenos: o primeiro é que se sabe sobre tudo, mas sem profundidade; e o segundo é que estão sendo criados mais nichos (tribos) com os quais as pessoas tem mais chances de se identificar.

Por isso, na minha opinião, estamos vivendo um momento em que os discursos unilaterais serão cada vez menos efetivos. Nada contra o discurso. Ele sempre terá sua importância, mas é importante notar que hoje em dia, as pessoas têm muito mais informações que há tempos atrás. Existem muitas vozes, e isso faz com que, atualmente, grande parte das pessoas pensem mais antes de resolver acreditar em qualquer coisa  que escutam. Seja na política, na religião ou em qualquer outro segmento. Por isso, o velho clichê de que o que vai fazer a diferença não é o que você fala ou escreve, mas quem você é (ou o que está em você), está em voga mais do que nunca.

Sinceramente, eu não acredito mais em discursos que gerem grandes movimentos e que atraiam grandes multidões em torno de algo. Posso estar enganado, mas essa é a minha impressão. Hoje em dia, acredito mais nas coisas menores, que ainda podem alcançar bastante gente, mas não como estávamos acostumados a ver. Milhões de pessoas, lotando estádios e ruas, se reunindo em torno de uma causa sem ser algo casual, mas sim profundo e verdadeiro? Duvido muito. Agora, algo com dezenas, centenas e até poucos milhares, já acho mais plausível. Apesar de também acreditar que a chance desses movimentos se repartirem em pequenos núcleos é muito grande. Agora, o mais legal, é que, apesar de tudo isso, não precisamos nos enxergar como diferentes uns dos outros. Essa divisão de tribos e formas não necessariamente nos transforma em “vários povos”. Talvez, aí esteja a chave. Abandonar o orgulho e cada vez mais olhar para o outro como um “igual diferente”.

Se você quer influenciar uma pessoa de alguma forma, se relacione com ela ou mostre de alguma forma quem você é de verdade. Se mantenha aberto a novas formas, a novos pensamentos. Mais do que nunca, aceite que você não é dono da verdade. Acredito que só assim as pessoas vão se identificar com você e irão desejar te ouvir e saber mais daquilo que você acredita e quer comunicar.