E “Lost” terminou… maio25

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E “Lost” terminou…

Bem, chegou ao fim um dos maiores fenômenos televisivos de todos os tempos: “Lost”. A série trouxe inovações significativas e criou um marco na história da comunicação e entretenimento. Agora existe o “pré-Lost” e o “pós-Lost”. Além da história intrigante, a série integrou a internet e seus recursos para expandir a trama. Além disso, marcou a época onde o espectador escolhe o que quer assistir e quando quer assistir. Como era de se esperar, o último episódio da série causou reações extremas entre seus fãs. Alguns amaram, outros odiaram, outros aceitaram, etc. Abaixo vou tentar explicar o que entendi do resultado desses 6 anos. O texto pode estar um pouco grande, mas se você gostou da série, não vai se incomodar com isso.

Atenção! Se você ainda não assistiu o último episódio de “Lost” e não quer que eu estrague a surpresa, pare agora!

Durante o episódio, fiquei muito entusiasmado. Ele foi emocionante, épico em alguns momentos. Porém, os últimos dez minutos deixaram um ar de decepção. Por alguns minutos fiquei digerindo aquilo tudo e, mais tarde, aceitei de bom grado o término da série. Se não foi fabuloso, ao menos foi bom. Deixe-me explicar o porquê.

Em primeiro lugar, entendo que tudo o que aconteceu na ilha, desde a primeira temporada até o momento em que Jack fecha os olhos, realmente aconteceu. Eles não estavam mortos nesse momento. Muita gente ficou pau da vida, pensando isso: “Quer dizer que todos esses anos nós estávamos assistindo essas pessoas no purgatório?” Não é isso. Eles não morreram na queda do avião. Todos os acontecimentos da ilha são verdadeiros. O eletromagnetismo, a Iniciativa Dharma, os Outros, Jacob e o anti-Jacob, a saga dos sobreviventes do Oceanic 15, as viagens no tempo. Enfim, tudo aconteceu de verdade e talvez a grande decepção para alguns fãs da série, tenha sido o fato do final da série não focar nessas coisas. No entanto, quando Jack fecha os olhos se encerra a nossa jornada na ilha. Jack vence Locke. Kate, Sawyer e os outros conseguem escapar. Ben e Hurley ficam na ilha. Ponto final.

Mesmo assim, “Lost” termina e não responde muita coisa sobre o principal ponto desses 6 anos de série: a ilha. Como já foi noticiado, os produtores vão anexar ao DVD da última temporada um mini-documentário com algumas explicações. Talvez, teremos respostas para perguntas como: O que era aquela luz? Qual era o verdadeiro mal que estava sobre o anti-Jacob e que não poderia sair da ilha? Qual era o verdadeiro poder da ilha? Por que Jacob podia sair da ilha? Como explicar os poderes de Jacob? Como explicar as várias visões de gente morta no seriado? Enfim, os detalhes místicos da ilha ainda estão em aberto. Se alguns deles forem respondidos, será lucro. Porém, percebi que o mais importante em “Lost” não eram as perguntas sobre a ilha.

Refletindo um pouco depois de ver o último episódio, pude mudar algumas concepções. Em primeiro lugar, o personagem principal não é a ilha. Tanto que as perguntas não respondidas estão todas relacionadas a ela. Os protagonistas dessa história são justamente os sobreviventes do vôo 15 da Oceanic. O último episódio deixa claro que “Lost” é uma história de redenção. Os “flash-backs” (ou “flash-sideways”, como dizem alguns) da sexta temporada nos mostravam uma realidade paralela, mas nesse último episódio descobrimos que se trata de um lugar espiritual após a morte. Um lugar de passagem. Talvez, um purgatório, como falam. O ponto é que eles estavam ali, se preparando para “partir”. Durante essa preparação, uma vida falsa foi criada, baseada em um busca por uma redenção pessoal, misturado com lembranças das suas vidas verdadeiras. Eles tiveram a oportunidade de viver a vida que teriam se aquele voo não tivesse caído, puderam perdoar e serem perdoados. Enfim, é como se a mente deles estivesse entrando em acordo sobre o que eles viveram de verdade com o que eles gostariam de ter vivido. E quando tudo se “encaixava”, eles lembravam e se tornavam prontos. A dimensão paralela, uma realidade onde o Oceanic 815 nunca caiu, era um ponto de encontro para que todos aqueles personagens pudessem se lembrar uns dos outros antes de partirem para a eternidade. De uma forma bem resumida, acho que é isso. Veja o diálogo abaixo:

Jack: “Onde estamos, pai?”

Christian: “Esse é um lugar em que todos vocês criaram juntos para que pudessem encontrar uns aos outros. A parte mais importante de sua vida foi o tempo em que você passou com essas pessoas. É por isso que todos vocês estão aqui. Ninguém consegue fazê-lo sozinho, Jack. Você precisava de todos eles, e eles todos precisavam de você”.

Jack: “Para quê?”

Christian: “Para se lembrarem… e para seguir adiante”.

Alguns outros pontos importantes comprovam isso. Repare quando o pai de Jack fala com ele no final. “Alguns do que estão aqui morreram antes de você. Outros bem depois.” Portanto, esse momento é atemporal. Assim, o avião pilotado por Lapidus, realmente sai da ilha. Quando encontrou Jack, no concerto, Kate disse: “Eu esperei muito tempo por você.” Isso mostra que ela teve uma vida depois da ilha. O mesmo se aplica quando Hurley fala para Ben: “Você foi um excelente número 2.” Isso mostra que eles tiveram uma longa vida na ilha, depois de Jack ter morrido. Repare também que alguns não estavam prontos ainda para “partir”. Ben, Ana Lucia, Daniel, Charlotte e outros que não estavam na igreja.

Enfim, adotar esse final pode ter parecido uma escapatória covarde e simplista dos produtores. Pode ser. No entanto, acho que ele trouxe um novo (ou antigo) significado para a série. Tudo o que aconteceu na ilha foi parte de uma jornada de redenção destes personagens “perdidos”, recheados por um passado que os condenavam. Acompanhamos essas pessoas e terminamos vendo que ainda existem tantas coisas sobre a vida que não sabemos a resposta. Entendo que essa busca é o que nos mantém vivos e que, certamente, seremos recompensados por isso.

Comente esse post. Se você tiver alguma dúvida sobre algum outro ponto não citado, vamos discutir. Abraços!