Entrevista: Eduardo Mano e os Tapetes Voadores

Conheço o Eduardo há algum tempo e, apesar de não sermos próximos, acompanho o seu trabalho através da Internet. Além disso, um dos integrantes da equipe Rugido do Leão é parente dele. Enfim, escolhi sua banda para inaugurar esse espaço de entrevistas porque entendo que eles simbolizam bem o momento atual da música no cenário cristão. Sei que é uma galera séria e com boas intenções que estão aproveitando o momento atual para “espalhar” sua mensagem. Eles fazem um som bem legal, peculiar. Uma coisa bem acústica, com um leve toque do rock dos anos 60-70. Vale a pena conhecer.

1Cr25: Por que “Eduardo Mano e os Tapetes Voadores”?

Eduardo Mano: Então cara… tudo aconteceu por acaso, mas na minha cabeça faz muito sentido. Estávamos tocando numa igreja e o Cadu, nosso percussionista, perguntou pra galera se tinha como arranjar um tapete (já que o chão era de pedra lisa, e a percussão estava fadada a andar sozinha). Quando trouxeram o dito, ele era gigante… grande o suficiente para que todos nós tocássemos em cima dele. Daí alguém, que deve ter sido o próprio Cadu ou o Léo (há divergências) sugeriu algo como “Tapetes Mágicos”, mas como não somos adeptos de magia alguma (a não ser a música do Oficina G3), trocamos por voadores (já que é bem óbvio que tapetes voam). Já o lado que faz sentido é que somos cinco na banda (eu, Cadu, Sandro, Léo e Josué), três de nós sentimo-nos vocacionados ao pastorado e além disso, levamos o lance do ensino e da fidelidade bíblica muito a sério… então fazia sentido ter um nome que não fosse assim tão sério.

1Cr25: Qual é a mensagem de vocês e como “Eduardo Mano e os Tapetes Voadores” se situa dentro do meio chamado evangélico?

EM: Uma coisa que sempre me preocupou foi a qualidade das músicas que cantamos como Igreja, como congregações, no momento musical de nossa adoração a Deus. Quanto mais ouvia aquilo que ia sendo lançado no “mercado”, mais percebia que a qualidade das letras e a fidelidade no tratamento sério com a adoração estava ficando no passado, com as músicas de grupos como Vencedores por Cristo, Grupo Elo, Grupo Logos, Rebanhão… então, se tivesse que definir nossa mensagem, seria a mensagem de redenção da Cruz e da ressurreição de Cristo… da nossa dependência Dele. Cara, em relação a como nos situamos… eu não sei, de verdade. Quando digo (e digo mesmo) que não nos alinhamos ao mercado gospel, é justamente por não concordarmos com a premissa do mercado e com o abandono às raízes do que seria o Gospel de fato. Consideremo-nos cristãos, imperfeitos, que fazem música cristã, igualmente imperfeita, tentando conversar com outros cristãos imperfeitos a respeito de um Deus perfeito. E daí, nisso, a gente usa as ferramentas que julgamos mais interessantes: o estilo musical que gostamos, na forma que gostamos.

1Cr25: Qual a importância que você vê nas mobilizações de oração e adoração? Como isso pode influenciar no avanço do Reino de Deus? Existe uma nova forma de se fazer isso hoje? Como?

EM: Confesso que nunca estivemos ligados a esses movimentos, mas acho que mais por falta de oportunidade. Lemos na bíblia o seguinte: “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem.” (1° Tessalonicenses 5.16,21) Também lemos que o maior mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas,e o segundo, semelhante a este, é amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Com isso quero dizer que a oração e a adoração estão intrínsecamente ligados à vida do cristão, que não deve, em hipótese alguma, deixar de lado esses aspectos. Qualquer movimento que incentive a oração e a adoração é bem-vindo. Mas há o perigo de isso se tornar mecânico e frio, como qualquer coisa em nossa vida feita sem o devido cuidado, carinho e atenção. Nesse sentido, a única forma de movimentos e mobilizações funcionarem de fato para a expansão do Reino de Deus, é sendo feita baseada na oração de Cristo, quando disse “venha o Teu Reino e seja feita Tua vontade”. O Reino vem, e se expande, quando a vontade de Deus é perpetuada em nossas vidas, e não a nossa. Claro que não estou falando nenhuma novidade, e nisso digo também que não precisamos inventar nada novo na vida cristã, nem mesmo uma “nova reforma protestante”. Creio que as “velhas” fórmulas de Deus, Seus sinais e maravilhas, os que Ele tem usado ao longo da história cristã, são suficientemente capazes de nos surpreender, e de surpreender até a última geração de humanos a nascer, antes que Cristo venha, e que Ele venha logo! Lemos em Romanos 1.20 que os atributos de Deus “as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. Olhando para as histórias dos avivamentos, vemos que reuniões / mobilizações de adoração e oração sempre existiram, e o fruto que surgiam delas era o mais sincero arrependimento diante da realidade do pecado (um excelente exemplo é Jonathan Edwards). O homem, humilhado pelo pecado e na presença de um deus capaz de esmagá-lo, depara-se com a realidade da justificação em Cristo e com a transformação verdadeira. Isso leva, ao meu ver, à expansão do reino de Deus. Foi assim na Bíblia, nos avivamentos, e creio que será assim até o retorno de Cristo.

1Cr25: Defina música e sua importância no Reino.

EM: A música, como a literatura e qualquer arte é uma ferramenta. Uma mídia. Quando as ferramentas são usadas para trazer glória a Deus, e somente a Ele, aí elas se tornam importante para o Reino, e nesse sentido, creio que as expressões artísticas podem e devem ser usadas no serviço a Deus – música, literatura, pintura, cinema, fotografia, design, dança… servem para aumentar nossa experiência de adoração e também na propagação da Palavra.

1Cr25: Como você vê o momento atual da Igreja. Deixe uma mensagem para ela.

EM: Então… acho que vivemos num momento propício, talvez até de resgatde de um pouco da nossa dignidade. Não a de Deus, a dele nunca esteve em jogo. Mas ao mesmo tempo, creio que precisamos tomar cuidado. No filme advogado do diabo, vemos que a última fala do filme, dita pelo próprio capeta interpretado por Al Pacino, é a seguinte: “a vaidade é meu pecado favorito”. Claro que aquilo é um filme e não devemos em hipótese alguma achar que a vaidade é realmente o pecado favorito do diabo… rsrsrsrs… mas acho interessante que vivamos em uma sociedade que enaltece o “culto à personalidade”, e realmente hoje todo podemos ter nossos 15 minutos de fama. Como evangélicos, temos a maldita mania de dizer que não adoramos ídolo, numa tentativa de manter distância dos católicos, mas endeusamos pastores, cantores, igrejas, métodos… então, creio que nisso tudo, enquanto bom, há a necessidade de mantermos os olhos fixos em Cristo e na Cruz, para que não nos desviemos do caminho proposto por Deus. A chance de alguém começar a se julgar estrela é grande. Nisso, Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a exaltar apenas o Seu Nome.

1Cr25: Tem algum MySpace, site ou blog para que as pessoas possam escutar e saber mais sobre vocês?

EM: Opa, vamo lá: blog: www.eduardomano.net (onde dá pra baixar, de graça, alguns trabalhos), twitter: www.twitter.com/eduardomano, myspace: www.myspace.com/eduardomano e youtube: www.youtube.com/edumano