Teologia do “bem-estar”

Por muito tempo temos condenado a chamada “teologia da prosperidade”, e eu concordo. Realmente, é um lixo. Porém, gostaria de alertar para uma outra teologia, que sempre existiu, mas que está mais aflorada nesses dias de eleições. Vou chamá-la de “teologia do bem-estar”.

É claro que não é errado desejar o bem-estar. Isso seria viver bem, em segurança, em um país forte economicamente, etc. Maluco é aquele que deseja viver sofrendo. O desejo de viver essas coisas não é mal. O grande problema, para mim, é quando colocamos essas coisas como prioridade dentro do nosso serviço sacerdotal como Igreja.

Estou plenamente de acordo quando falam que a Igreja não pode ficar de fora da política. Somos uma comunidade de cidadãos que têm um papel social. Por isso, é válido estudar e falar sobre política em nosso meio. Se vivemos em um país democrático, vamos atuar democraticamente quando nos for requerido, votando com inteligência e naquele que cremos ser o melhor. Temos escutado e aprendido que é Deus quem estabelece as autoridades. Portanto, podemos exercer nossos papéis como cidadãos tranquilos, pois Ele está no controle de tudo.

Voltando a “teologia do bem-estar”, muito me preocupa o fato de que hoje a Igreja clama muito mais por “Muda o Brasil!”, “Transforma o Rio de Janeiro!”, do que pelo maior e verdadeiro motivo de sermos Igreja, que seria: “Vem, Jesus!”. Como Igreja, trabalhamos para a volta do Cristo. Essa é a nossa esperança e não uma melhoria sócio-política-econômica. Quando trocamos o clamor, isso para mim acusa uma coisa. A Igreja não crê que Jesus vai voltar. Nosso desejo maior deve ser o novo céu e a nova terra, e não somente ter uma boa vida em nossas cidades. Como disse antes, não acho errado desejar essas coisas, mas não vamos falar que essa é a principal missão e o papel da Igreja sem ter o entendimento correto dessa afirmação. As mudanças vão acontecer como consequência de nossas vidas fundamentadas sobre os princípios corretos, refletindo a verdadeira realidade de onde a Igreja está (nas regiões celestiais). Assim, elas serão um meio para o cumprimento do propósito e não o fim. Como Igreja devemos manter acesa a chama da certeza irrefutável de que Jesus vai voltar. Essa é a nossa missão. Esse deve ser o nosso clamor.

Eu sei que esse é um assunto polêmico, mas você pode comentar. O tema foi levantado e serve, no mínimo, para pensarmos sobre ele. Um grande abraço