Transformação ou adaptação?

Sem querer ser polêmico, mas observando a “transformação” dos que se dizem cristãos nos últimos 10-15 anos, só posso constatar que a única coisa que muda de verdade são os nomes dados as coisas. No mais, é tudo o mesmo de sempre. E antes que você se irrite, isso não é uma crítica. É apenas uma constatação de que, em vários aspectos (talvez nos principais), ainda somos os mesmos há mais de uma década.

O que nos abastece na caminhada e nos faz pensar que somos diferentes é o sentimento de verdade ao se envolver em algo, dentro de um contexto diferente daquele em que estávamos vivendo. A melhor palavra para descrever esse processo, na minha opinião, é “adaptação”. A mudança que temos vivido está totalmente ligada a mudança do mundo ao nosso redor. Mudamos a forma, baseados no contexto em que vivemos, mas no fundo temos a mentalidade muito parecida com a dos nossos pais, como já dizia o saudoso Renato Russo em sua canção “Dança”.

“Você é tão moderno
Se acha tão moderno
Mas é igual a seus pais
É só questão de idade
Passando dessa fase
Tanto fez e tanto faz.”

E “tanto fez, tanto faz” mesmo. Se pararmos para observar e comparar as gerações, nossos projetos sempre partem de uma motivação positiva, como nossos pais. Queremos fazer alguma coisa relevante, como nossos pais. Rompemos com práticas da geração anterior, como nossos pais. Queremos avançar, como nossos pais. No final de tudo, quem seremos nós senão os nossos pais? Tudo se encaminha para isso. Então, o que é importante definir é, que tipo de pais nós seremos?

Existe uma coisa que eu procuro sempre praticar. Ao invés de tentar mudar a cabeça dos jovens-adolescentes de hoje, por que não parar para tentar entender como eles enxergam o mundo ao seu redor? Eu faço esse exercício há uns dez anos. Eu paro, e fico observando o comportamento dessa galera, partindo sempre do princípio de que um dia eu fui como eles. É uma forma que eu encontrei de estar sempre conectado com o pensamento da “nova geração”. Acho que isso também abre um caminho de aproximação para que eu também possa servir com as minhas idéias, e realizar esse intercâmbio de uma forma natural e construtiva, sem reprimir ou ditar as regras que eles devem seguir. Isso, para mim, é se adaptar, é unir o coração com essa galera. Eu não sei mais do que eles e o que eles sabem hoje, é fundamental para que eu me adapte a nossa realidade. É claro que podemos entrar em uma discussão sobre o deus desse século, que cegou o entendimento das pessoas, e que as crianças de hoje nascem em um mundo com valores corrompidos e tal. Tudo bem, eu concordo. Só que não podemos esquecer que nós também nascemos em um mundo com esses mesmos parâmetros e, nesse aspecto, somos idênticos a eles. Nem melhores, nem piores. Iguais.

Renovar a mente, é voltar a pensar com uma mente nova. Em um contexto bíblico, seria voltar a ter a mente original do homem, uma mente pura, que via o próprio Deus. Por isso, Jesus fala tanto que temos que ser como crianças. Tudo isso tem a ver com renovar a mente. Ver e entender o Reino de Deus, ou seja, a forma como Deus domina ou governa sobre as coisas, está totalmente ligado a voltar a ter essa mente do homem que experimentou, de fato, essa realidade. Nesse processo, em meio a essa adaptação, precisaremos abrir mão de certas convicções, obstinações, e ,na maioria das vezes, para avançar, teremos que “andar pra trás”.

Termino agora minha reflexão com uma frase forte, muito utilizada hoje em dia no mercado de trabalho, mas que pode trazer algum significado ao meu texto, e com uma recomendação de filme. A frase é: “Adapte-se ou morra”. Entenda “morrer”como você quiser. O filme que eu recomendo é o “Moneyball – O homem que mudou o jogo”, com Brad Pitt.

Um grande abraço!