As bandas ganham voz nesse tempo!

Vamos analisar esse tema dentro do contexto da nação brasileira. Nos anos 70 os cantores e bandas cristãs eram facilmente encontrados na lista de LPs dos nossos pais e avôs. Era uma época em que se prezava muito pela letra e qualidade musical, acompanhando o movimento da MPB no resto do Brasil. A partir dos anos 80, os conhecidos ministérios de louvor ganharam o lugar nas nossas prateleiras com um som mais voltado para os cânticos congregacionais, exaltando a comunhão e revelando aspectos de Jesus. Nos meados da década de 90 até grande parte da primeira década do novo século, os ministérios de adoração (não mais de louvor) trouxeram cancões de intimidade, algumas com cunho profético, revelando aspectos do Pai e do seu plano eterno. Nesse tempo, a coisa ficou tão séria que ter uma banda ou ser um cantor “evangélico” era visto com um pé atrás por aqueles que acreditavam estar na crista da onda do mover de Deus. “Fama”, “dinheiro” e “mercado” eram palavras frequentemente associadas a essas pessoas. Eu mesmo, confesso, já pensei muito assim. Enfim, eu creio que estamos entrando agora em um novo período. Em um tempo em que essa “classe” antes discriminada (com razão?) vai ganhar uma voz forte. Vou tentar explicar porque eu acho isso.

Primeiro ponto é que o homem nunca está satisfeito. Por isso, as modas vêm e vão, os moveres vêm e vão. Entendo que isso faz parte da sua característica, e também do processo de restauração da criação. Mudar é preciso, sempre.

Segundo ponto é que o momento é extremamente propício para que essas vozes (bandas) se levantem. Estamos vivendo um tempo em que a igreja, como conhecemos, está muito desacreditada. A religião evangélica está entrando em um colapso iminente. Logo, os ministérios de louvor e adoração acabam sendo associados diretamente a esse sistema, a essa realidade. Não importa se são pessoas sérias ou não. Em momentos como esse não se julga as pessoas diretamente, mas sim o contexto onde elas estão inseridas. Justo ou injusto, é assim que acontece. O modelo de música dentro das congregações perdeu o impacto. A sensação é de que as pessoas já se doaram muito nisso e estão cansadas, precisando sentar, descansar e refletir. Além disso, hoje em dia é muito fácil produzir a sua própria música e divulgá-la. Você não precisa mais ter uma estrutura por trás para poder realizar isso. Você não precisa mais estar dentro de uma congregação, ou denominação, ou até mesmo com uma gravadora de nome. Portanto, as produções independentes vão multiplicar e teremos uma gama enorme de novos CDs, EPs, singles.

Nesse contexto, surgem as bandas. Uma galera jovem, com uma capa de “fora-do-sistema”, com uma mensagem nova, uma música nova, um modelo novo, letras novas, melodias e harmonias novas. Tudo novo (?!?). Pronto, isso é tudo que se precisa para ser o “bum” do momento. Eu creio que ainda estamos no início desse movimento. Lembre-se que eu estou falando dentro da realidade brasileira. Nos EUA, por exemplo, sempre foi muito comum as atividades das bandas, a questão de shows, marketing, etc. Já está entranhado na cultura deles. Aqui não funciona bem assim.

Isso é bom ou ruim? Nem um nem outro. Acho que é apenas um passo. Dentro disso, vai surgir muita gente séria e muita gente aproveitadora. Aliás, como sempre foi em todos os movimentos musicais dentro da igreja. Portanto, não se surpreenda se você começar a escutar falar de uma banda aqui e outra ali. Aproveite esse momento e busque em Deus como devemos proceder e entender o que ele está movendo. Eu sei que já tem muita gente boa por ai fazendo um som de qualidade. Show de bola! Também acho que a qualidade vai voltar a ser valorizada. As pessoas vão buscar mais experiências pessoais do que coletivas com a música, uma resposta talvez. Portanto, não acho que esse movimento vai refletir direto dentro das congregações, como conhecemos hoje. Não acho que elas vão mudar seus períodos de cânticos, tampouco os ministérios de louvor e adoração vão sumir do mapa. Não é esse o ponto. Só acho que essa galera “fora-do-sistema” vai levantar uma voz importante nesse tempo. Ainda estou buscando discernir exatamente como isso vai funcionar. Agradeço a ajuda de vocês também!

Bem, essa é a minha percepção. Por favor, comentem.