Categoria: Artigos

  • Salmo 12: Ele poupa os remanescentes

    Salmo 12: Ele poupa os remanescentes

    Esse salmo foi inspirado por uma mensagem profética prevendo uma era em que o perverso teria sucesso dominando o pobre e o indefeso. Davi escreveu isso quando sua casa sofreu um ataque e sua família foi ameaçada de extinção. Por isso, Davi rezou para que um remanescente de sua família fosse salvo.

    Baseado em
    “Livro dos Salmos Comentado”
    por Tehilim Ner Yossef

    Salva-nos, SENHOR, porque faltam os homens bons; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos homens.
    Cada um fala com falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e coração dobrado.
    O Senhor cortará todos os lábios lisonjeiros e a língua que fala soberbamente.
    Pois dizem: Com a nossa língua prevaleceremos; são nossos os lábios; quem é senhor sobre nós?
    Pela opressão dos pobres, pelo gemido dos necessitados me levantarei agora, diz o Senhor; porei a salvo aquele para quem eles assopram.
    As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.
    Tu os guardarás, Senhor; desta geração os livrarás para sempre.
    Os ímpios andam por toda parte, quando os mais vis dos filhos dos homens são exaltados.

    Salmos 12:1-8

  • Brasa viva

    Brasa viva

    Ser “chamado” para algo é como ter uma brasa dentro do peito. É como um ciclo vicioso que nos impele a aperfeiçoarmo-nos continuamente para alcançar o ponto máximo da satisfação pessoal: O cumprimento. O que é, certamente, algo abstrato, pois nunca nos damos por satisfeitos de fato. Nunca estamos continuamente plenos, mas vivemos os momentos. Há o momento da descoberta, o momento da busca, da caminhada, dos frutos, há o cansaço, há a redescoberta e assim por diante. É uma vida. É como se a brasa tivesse vida própria e apagasse e acendesse de tempos em tempos, quando bem entendesse. Ciclos.

    Pode parecer algo penoso (e é de fato), até mesmo passageiro, mas essa busca é aliada da felicidade e é nesse caminho que a encontramos. Acredito que todo ser humano quer muitas coisas na vida, mas apenas duas delas trazem significado real: Pertencer a algo (não estar sozinho) e sentir que está contribuindo com alguma coisa ou alguém. Servir. Ser útil. No fundo, todos querem isso e eu não acredito em quem fala o contrário. Queremos ser notados, queridos, e pode até parecer egoísta o fato de querer servir ao outro para satisfazer a si próprio, mas não é. É um modelo. Quem dera se ele estivesse de fato estabelecido em nosso mundo.

    Cada um é “chamado” em um tempo e de formas diferentes. Porém, TODOS são e sabemos disso. Queria encorajar você que se identifica com esse sentimento a prosseguir e desfrutar de cada momento na sua caminhada. Desfrutar dos novos cenários que são abertos diante de seus olhos, das novas pessoas que entram em suas vidas. Desfrutar da transformação que é contínua e será até que…

    Um beijo grande. Amo a individualidade de cada um de vocês.

  • Santidade – Vida cristã significante e prática

    Santidade – Vida cristã significante e prática

    Santidade é uma palavra bem comum no meio cristão e, geralmente, é associada a um processo de aproximação de Deus por meio da abstenção de práticas consideradas pecaminosas. O conceito de que quanto menos você comete pecado, mais santo você é, e de que quanto mais você peca, mais longe está de Deus, tem sido ensinado há anos. Porém, entendo que viver em santidade tem muito mais a ver com ser justo em um mundo injusto e, por isso, gostaria de observar esse processo sob um outro prisma, no qual a santificação tem muito mais a ver com a nossa relação com o próximo do que com o indivíduo em si.

    Hebreus 12:14 diz que “sem santificação, ninguém verá o Senhor”.

    Sinceramente, eu nunca vi com os meus olhos a figura de Deus. Eu nunca ouvi a sua voz e nunca vi nada sobrenatural de fato. Todas as maneiras pelas quais pude “enxerga-lo” de forma mais evidente até hoje foi através do outro. Todas as vezes que percebi a manifestação de Deus na minha vida foi através do outro. Através de suas palavras e, principalmente, de suas vidas. Acredito que isso é fruto de santificação. Pessoas que adotam e vivem os valores do Reino, revelam a Deus. É claro que em momentos de solidão, podemos percebe-lo em nossa consciência (ou em nosso espírito), mas até mesmo isso pode ser considerado fruto de uma relação com outra pessoa. Algum dia, alguém te falou, te mostrou, e hoje você “vê”.

    Nosso olhar egoísta nos faz enxergar a santificação como algo a ser alcançado para benefício pessoal, quando, na verdade, devemos nos santificar para revelarmos Deus para o outro através de nossas vidas. Isso muda muita coisa, porque eu deixo de viver de determinada maneira não por minha causa, mas como um serviço ao próximo, para que ele veja Deus e seja transformado. Quando vivo de forma egoísta e equivocada não só privo o outro de enxergar a Deus através de mim, como envergonho essa pessoa. Além, é claro, de trazer consequências muitas vezes desastrosas para nossas próprias vidas. Da mesma forma, somos transformados quando nos relacionamos com pessoas que vivem de forma justa. Isso tem tudo a ver com a missão e a identidade da Igreja, mas isso é um outro assunto.

    Não acredito que Deus deixe de se aproximar de uma pessoa por causa daquilo que se chama pecado. Não faz sentido e anula tudo o que entendo sobre a obra de Cristo. Ele é onipresente e está em todos os lugares. Porém, só é manifestado através daquele que se santifica, e não estou falando de aparições sobrenaturais, mas sim da justiça que é pregada através da vida dessa pessoa.

    Portanto, vamos alimentar esse ciclo. Busquemos a santidade para revelarmos Deus para o outro e sejamos transformados por aqueles que nos cercam e pregam a justiça de Deus com suas próprias vidas.

    Esse foi mais um texto da série “Vida significante e prática”, o primeiro foi sobre Adoração. Espero que vocês tenham gostado. Um grande abraço.

     

  • Adoração – Vida cristã significante e prática

    Adoração – Vida cristã significante e prática

    A cada dia que passa, percebo que a vida cristã é uma expressão de amor ao próximo. Acredito que não existe outra forma de dizer que amamos a Deus que não seja amando o nosso irmão.

    Em meio a essa reflexão, acabei voltando ao velho tema da adoração. Por que devemos adorar? Eu sei que é um assunto batido, mas é sempre bom relembrar alguns princípios. Primeiramente, que fique claro que não estou limitando o ato de adorar aos rituais que ocorrem nas comunidades evangélicas que existem por aí. Quero olhar para essa ação de uma forma mais abrangente e essencial, tentando fugir ao máximo dos rótulos e paradigmas que o tema já possui.

    O primeiro ponto relevante é que qualquer ato de adoração não acrescenta nada a Deus que ele já não possua. Entendo que adorar é o ato de criar um momento oportuno,  no qual nos colocamos, de forma consciente e espiritual, em condições de ter um encontro com Deus. Na Bíblia, está escrito que Adão se encontrava com Deus todos os dias ao por do sol. É uma boa figura, porém, hoje não existe uma hora ou um local específico para esse encontro e sequer existe uma forma específica. É algo espiritual, real e tem muito mais a ver com a sinceridade do coração do homem em querer tocar o divino. É algo que tem muito mais a ver com uma consciência do que com um processo para alcançar um resultado, ainda que seja necessário, por menor que seja, realizar algum tipo movimento no mundo físico.

    Quando nos colocamos nesse “lugar”, Ele vem. Porque Ele procura as pessoas que estão nesse lugar, e durante esse encontro de consciências, não há nada que possamos fazer para torná-lo maior do que o que Ele já é. Esse encontro só pode produzir algo em uma pessoa. Em nós mesmos. Adoramos para refletir em nós a Sua glória, que nada mais é do que a beleza do Seu caráter.

    A medida que adoramos, Deus fica melhor traduzido em nós para aquele que ainda não o conheceu.

    Deus quer uma família e não uma porção de gente fazendo coisas pra Ele. Ele não precisa dessas coisas, mas quer uma família de amigos e irmãos que se relacionem e reflitam a glória dEle em suas vidas. Sendo assim, glorificar a Deus não é aumentar a glória que Deus tem, mas sim entregarmos a nossa própria glória, para que, diminuídos, exista espaço para refletir a glória dEle.

    O louvor e a oração também seguem o mesmo princípio. Louvamos e oramos não porque ele precisa, mas porque nós precisamos gerar uma consciência de grandeza e soberania de Deus em nossas próprias vidas. Para isso, relembramos as Suas características e os Seus feitos através do louvor. Oramos uns pelos outros para que as pessoas vejam a importância que elas têm nas nossas vidas, e não para que algo aconteça com elas de forma milagrosa. O tempo que se gasta com oração e com o louvor, não serve para alcançar um resultado, mas sim para gerar em nós uma consciência de valor, e esse valor está diretamente relacionado a glória de Deus (a beleza do Seu caráter) refletida em nós.

    Eu tenho entendido que a vida cristã pode ser muito mais simples e prática do que aquilo que tem se ensinado por aí, e ao mesmo tempo, mais significativa. Espero que o texto tenha servido a esse propósito. Um grande abraço.

  • O poeta sem voz

    O poeta sem voz

    Certa vez, ouvi falar que o poeta sente e carrega a dor do mundo. Ele percebe as coisas ao seu redor com uma sensibilidade diferente da maioria das pessoas. Ele enxerga com a sua alma. Dois casos me chamaram a atenção durante essa semana e me fizeram refletir sobre a figura do poeta: O lançamento do novo clipe de Thalles Roberto, um famoso cantor de música “gospel”, e o lançamento do filme que conta a história de Renato Russo e a sua Legião Urbana.

    A música de Thalles se chama “Filho Meu” e utiliza uma linguagem pouco usual no meio cristão. Apesar de estar sendo considerada herética por muitos, eu não vou discutir a sua teologia e nem o aspecto comercial da coisa. Deixarei isso para os teólogos chatos de plantão – os legais que quiserem também. Na minha opinião, Thalles é um artista nato enlatado pelo sistema. Não sou fã da sua música, mas reconheço o prazer que ele demonstra ao expressar, de forma particular, sua verdade através de suas canções. Já escrevi em outra ocasião sobre a incompatibilidade de ser um artista dentro da igreja cristã. Infelizmente, muitos paradigmas ainda afetam essa questão e Thalles é, ao mesmo tempo, vítima e culpado dessa relação. Vítima porque talvez não se sinta livre para ser quem é, e culpado porque para ter alguma voz tem que se adequar e entrar no “esquema” (virar um pastor, por exemplo). O verdadeiro artista não impõe limites para a sua natureza, e aí já podemos encontrar um ponto de choque. Ser um artista associado a uma religião é muito complicado. Como, em meio às certezas de alguns princípios e ensinamentos, podemos expressar uma arte verdadeira, que por definição não pode ter uma só interpretação? O meu intuito com esse texto é refletir sobre a voz do poeta e a sua identidade.

    Na última semana estreou um filme que conta a história de Renato Russo, vocalista da banda Legião Urbana. Renato foi um dos maiores poetas dos anos 80-90 e, queiram ou não, a sua arte alcançou e mobilizou milhares de pessoas por todo o país. Ele pode até não ser o melhor, mas foi a figura que encontrei para tentar traçar o perfil de um poeta.

    O poeta não é o dono da razão. Ele põe pra fora coisas boas e coisas ruins, mas entende o ser humano profundamente e ajuda as pessoas a olharem para dentro de si, abrindo o seu mundo interior. Alguns deles tem a capacidade quase patológica de sentir as dores do mundo. Na música “Via Láctea”, Renato canta uma frase que ilustra bem essa condição:

    “Queria ser como os outros e rir das desgraças da vida ou fingir estar sempre bem. Ver a leveza das coisas com humor, mas não me diga isso.”

    O poeta, assim como um profeta, por muitas vezes é um grito vivo que anda por aí. Em outra canção, ele canta:

    “Dissestes que se tua voz tivesse força igual à imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a tua casa mas a vizinhança inteira…”

    Essa frase mostra que o poder da arte de um poeta está naquilo que ele sente, naquilo que ele acredita de verdade. Não pode ser uma coisa enlatada, fabricada para alcançar um objetivo. Quando a música (ou qualquer arte) tem um objetivo definido que não seja a mais pura necessidade de seu autor se expressar, ela perde a questão essencial que a define como arte e se torna um produto enlatado. Acredito que o dilema em relação a figura do Thalles é essa. Ele não se define nem como artista e nem como um “pastor”. Sambando em cima desse muro, fica difícil entender o que ele está produzindo.

    Observada essa questão, percebo que é realmente desafiador transitar nessa esfera. Falo por experiência própria. Porém, uma coisa tenho aprendido e me esforçado para fazer. Apesar de todos os defeitos do ser humano, de todas as fraquezas e pecados, o artista não deve tentar enganar a si próprio. Ninguém é unanimidade e vai conseguir agradar todo mundo. Portanto, tentar agradar a todos é um equivoco. Aqueles que hoje gostam, amanhã não gostarão mais. Todos nós estamos em metamorfose o tempo todo e é normal ocorrerem essas divergências com o tempo. O artista só abranda os seus demônios quando libera a sua arte. Então, por mais que isso pareça egoísmo (e não é), ele só tem a obrigação de agradar uma única pessoa: A si próprio.

  • Coragem para mudar

    Coragem para mudar

    Há algum tempo atrás, escrevi sobre um assunto parecido no post (Transformação ou Adaptação), mas resolvi falar mais sobre isso. 🙂

    Como é bom mudar… Refletir sobre as nossas certezas e descobrir que elas não são tão certas assim, para depois encontrar outras e caminhar sobre elas. Mudar, muitas vezes, é um processo doloroso, mas quando baseado na VERDADE, sempre é libertador.

    Muitos se acomodam e desistem, ou por estarem cansados ou por acharem que mudar demais é sinal de fraqueza, de volubilidade, ou até de falta de fé. Eu discordo. Para mim, é um sinal de evolução, de coragem, de humildade, e de muita fé.

    Isso se aplica em várias esferas da sociedade: relacionamentos, trabalho, religião, etc. Quantas pessoas estão presas em formas ou sistemas que no fundo não acreditam mais, mas não têm coragem de assumir? Quantas pessoas se apegam a coisas nas quais não se tem convicção há muito tempo, mas acham que reconhecer isso é um sinal de fraqueza? Ainda há aqueles que tentam disfarçar as coisas, inserindo elementos para “acender o fogo” ou transformar o ambiente em algo diferente, quando na verdade, não percebem que estão enganando a si mesmos. Puro orgulho. Medo. Essa é a verdade.

    Acredito que é nessa hora que ser fraco te torna forte. É nessa hora que quando você perde, você ganha.

    Se você escolher entrar por esse caminho, saiba que esse é um ciclo que nunca termina. Um passo de mudança sempre será necessário, mas não tenha medo. Se você estiver fazendo isso baseado na VERDADE (e só você é capaz de saber isso), tudo o que você encontrará depois será paz.

  • A queda do discurso

    A queda do discurso

    Na geração atual, um adolescente já recebeu muito mais informações que o seu avô em toda a sua vida. Não sei os números corretos, mas é por aí. O problema é que com a mesma velocidade que adquirimos as informações, elas se tornam obsoletas. Além disso, esse bombardeamento de informações causa dois fenômenos: o primeiro é que se sabe sobre tudo, mas sem profundidade; e o segundo é que estão sendo criados mais nichos (tribos) com os quais as pessoas tem mais chances de se identificar.

    Por isso, na minha opinião, estamos vivendo um momento em que os discursos unilaterais serão cada vez menos efetivos. Nada contra o discurso. Ele sempre terá sua importância, mas é importante notar que hoje em dia, as pessoas têm muito mais informações que há tempos atrás. Existem muitas vozes, e isso faz com que, atualmente, grande parte das pessoas pensem mais antes de resolver acreditar em qualquer coisa  que escutam. Seja na política, na religião ou em qualquer outro segmento. Por isso, o velho clichê de que o que vai fazer a diferença não é o que você fala ou escreve, mas quem você é (ou o que está em você), está em voga mais do que nunca.

    Sinceramente, eu não acredito mais em discursos que gerem grandes movimentos e que atraiam grandes multidões em torno de algo. Posso estar enganado, mas essa é a minha impressão. Hoje em dia, acredito mais nas coisas menores, que ainda podem alcançar bastante gente, mas não como estávamos acostumados a ver. Milhões de pessoas, lotando estádios e ruas, se reunindo em torno de uma causa sem ser algo casual, mas sim profundo e verdadeiro? Duvido muito. Agora, algo com dezenas, centenas e até poucos milhares, já acho mais plausível. Apesar de também acreditar que a chance desses movimentos se repartirem em pequenos núcleos é muito grande. Agora, o mais legal, é que, apesar de tudo isso, não precisamos nos enxergar como diferentes uns dos outros. Essa divisão de tribos e formas não necessariamente nos transforma em “vários povos”. Talvez, aí esteja a chave. Abandonar o orgulho e cada vez mais olhar para o outro como um “igual diferente”.

    Se você quer influenciar uma pessoa de alguma forma, se relacione com ela ou mostre de alguma forma quem você é de verdade. Se mantenha aberto a novas formas, a novos pensamentos. Mais do que nunca, aceite que você não é dono da verdade. Acredito que só assim as pessoas vão se identificar com você e irão desejar te ouvir e saber mais daquilo que você acredita e quer comunicar.