A História da Música Cristã – Um Breve Panorama

Introdução

A primeira menção específica da música na Bíblia é em Gn 4.21, com Jubal, o pai dos que tocam flautas. Durante toda a história da humanidade a música esteve presente e, quase sempre, ligada a religião. Tanto a música vocal como a instrumental (o selá podia ser um interlúdio instrumental) sempre fizeram parte da história de Israel. A Bíblia é recheada de cânticos, principalmente no Antigo Testamento. No Novo Testamento, apesar de ser menos freqüente, a música segue fazendo parte da história do povo de Deus. Veja em Mt 26.30; 1Co 14.26; Ef 5.18-19; Cl 3.16; Tg 5.13; At 16.25; Hb 2.12; Rm 15.9; 1Co 14.15.

Nem o Senhor Jesus, nem os apóstolos jamais condenaram a música nos cultos, ao contrário, eles apoiavam. No entanto, durante a história da Igreja, a música quase chegou a desaparecer nos períodos de culto. Vamos acompanhar, resumidamente, os períodos musicais da Igreja.

1) Período patrístico

Os primeiros cristão tinham o costume de cantar em suas reuniões e são freqüentes os relatos de que cantavam enquanto eram martirizados. No entanto, no 3 século começaram as controvérsias. A primeira discussão a respeito do uso dos salmos de Davi e de hinos compostos por outras pessoas. Dizia-se que somente os salmos eram inspirados pelo Espírito Santo, mas outros criam que Deus continuava inspirando os cristãos. Essa polêmica durou muitos séculos, até 1600 d.C. No mesmo século começou-se a questionar o uso de instrumentos e de vozes ensaiadas. Em um concílio (Laodicéia) ficou decidido que os salmos compostos por pessoas comuns não seriam cantados na Igreja e que ninguém deveria cantar na Igreja a não ser os cantores designados. A coisa foi ficando pior quando o bispo Gregório rejeitou o cântico
congregacional acreditando que os leigos não deveriam participar do cântico por ser uma função clerical (canto gregoriano). Um novo concílio (Braga) em 563 d.C proibiu todos os cânticos, exceto os salmos de Davi.

2) Período medieval

Esse período foi conhecido como a “Idade das Trevas”. Os instrumentos musicais foram banidos da Igreja. A Igreja Católica Romana desaprovou o desenvolvimento da música. Paralelamente, fora da Igreja, o século XVI revelou um importante desenvolvimento dos instrumentos musicais e dos ritmos, das harmonias e das melodias. O único canto considerado era o gregoriano, visto como modelo de música sagrada.

3) Período da reforma

Lutero foi um dos principais personagens na reforma da música na Igreja. Ele incentivou o estudo da música e a composição de hinos (“Castelo forte” é dele) e ainda instituiu o músico assalariado na Igreja. Já Calvino, incentivava o cântico congregacional mas desaprovava os hinos compostos por pessoas comuns e o uso de instrumentos e divisão de vozes. Em alguma igrejas da Inglaterra o cântico foi banido, mas os cristãos se reuniam depois dos cultos para cantar. Somente 300 anos depois, em 1866, alguns ramos da igreja presbiteriana começou a permitir o uso do órgão.

4) Período pós-reforma

Nesse período outros instrumentos começaram a entrar no cenário cristão, principalmente com os morávios, que introduziram violinos e instrumentos de sopro. Os irmãos Wesley também cooperaram nessa reforma, escrevendo mais de 6000 cânticos. No entanto, o uso dos instrumentos ainda causava muita polêmica, principalmente entre os batistas e presbiterianos.

5) Período moderno

Em 1879, o Exército da Salvação, fundado por William Booth, começou algo completamente diferente de tudo. Suas reuniões tinham palmas, pandeiros, tambores, metais e gritos de “aleluia”. Esse estilo favoreceu a criação de bandas e, posteriormente, reforçou o movimento pentecostal.

Conclusão

De tempos em tempos discute-se se determinado instrumento ou ritmo musical deve ser usado na Igreja. Seguimos atrasados em lançar tendências. Elvis Presley cantava e pregava na Igreja. É considerado por muitos o pai do rock. Precisou sair da Igreja para influenciar com sua música. Quanto tempo demorou para que cantemos rock nas Igrejas? Ainda tem lugar que não aceita, dizendo que é do diabo. Se Elvis é o pai do rock, podemos dizer que o rock nasceu na Igreja. Não é verdade? Hoje em dia já usamos todos os instrumentos e quase todos os ritmos musicais na Igreja, mas quando será que vamos lançar uma tendência?

Bibliografia:

Bíblia
Os Segredos do Tabernáculo de Davi – Conner, Kevin J.
Wikipedia